Ouça ou leia. Espero que você goste desse artigo Conheça os psicólogos que atendem em São Paulo e os psicólogos online por videochamada. Autor: Amanda Mendes Martins da Costa - Psicólogo CRP 06/155761
O transtorno de acumulação compulsiva é uma condição com características silenciosas. O hábito de guardar objetos desnecessários gradativamente evolui para a incapacidade de se desfazer de quaisquer objetos, levando ao acúmulo insustentável de itens que já não servem mais.
Além de causar riscos à saúde, a acumulação compulsiva pode levar à deterioração dos relacionamentos interpessoais, do desempenho profissional e da saúde mental. Você já deve ter ouvido alguém relacionar a organização do ambiente à boa saúde da mente e, até certo ponto, isso é verdade.
A desordem dos ambientes e de objetos importantes, como documentos e chaves do carro e da casa, podem elevar a ansiedade no dia a dia.
Como não conseguem encontrar o que precisam no momento certo ou se deparam com obstáculos no caminho de casa, pessoas demasiadamente desorganizadas se atrasam com mais frequência e se frustram ao não encontrarem o que precisam. Sendo assim, elas têm mais suscetibilidade ao estresse e ansiedade.
Segundo psicólogos, quando a acumulação é compulsiva, esse cenário desagradável é vivido dia após dia. Além disso, o desejo de guardar objetos sem utilidade costuma ter raízes em feridas emocionais.
O que é transtorno de acumulação compulsiva?
O transtorno de acumulação compulsiva, também chamado somente de transtorno de acumulação, é caracterizado pela dificuldade de se desfazer de objetos. O indivíduo guarda papéis, peças de aparelhos eletrônicos, roupas, caixas, decorações, livros, contas, móveis, utensílios de cozinha, roupas, ferramentas, entre outros.
Muitas vezes, os objetos já serviram os seus propósitos, como tampinhas de refrigerante, jornais antigos ou recipientes de delivery de alimentos, mas ele não consegue se desfazer deles.
Em alguns casos, o acumulador pode até adotar muitos animais de estimação, como gatos ou pássaros, sem ter condições de cuidar deles.
Diferente dos colecionadores, que possuem apreço pelos seus objetos e os preservam em um bom estado, os acumuladores guardam os objetos de maneira desorganizada e até se esquecem da sua existência.
Em casos severos, as suas posses podem começar a se espalhar pela casa. Elas deixam os armários e as cômodas e passam a ocupar espaço nas áreas de convívio, como na sala de estar, na cozinha e no hall de entrada. A superlotação de objetos dificulta a mobilidade e o acúmulo de louças sujas, lixo, pelos de animais e fezes de animais representam um risco à saúde.
Embora o acumulador viva em um ambiente precário e tenha dificuldades para se locomover dentro da própria casa, ele não consegue se desapegar dos objetos e normalmente demonstra resistência quando alguém sugere uma limpeza ou organização.
Sintomas do transtorno de acumulação compulsiva
O acumulador compulsivo sente uma necessidade incontrolável de adquirir objetos e guardá-los, sentindo uma grande angústia ao precisar se desfazer deles.
Parece não ser forçado a se separar dos seus itens, ele esconde os seus acúmulos de familiares e amigos. Quando é confrontado, o acumulador entra em negação ou fica constrangido, mas não pensa em mudar os seus hábitos.
Quando animais também são acumulados, ele não consegue cuidar de todos eles, causando o adoecimento e o óbito de muitos. Entretanto, o acumulador não tem a percepção de que não está cuidando bem dos animais. Pelo contrário, a presença dos bichinhos é reconfortante para ele.
O isolamento é um sintoma muito comum dessa condição, por isso, pessoas acumuladores costumam morar sozinhas e ter pouco contato com os outros. Outros sintomas são:
- Ter dificuldade para tomar decisões;
- Não conseguir executar tarefas diárias, como cozinhar, limpar a casa e pagar contas;
- Perder gradativamente o interesse no autocuidado e na organização da casa;
- Impedir que outras pessoas toquem ou peguem os objetos emprestados;
- Não conseguir se relacionar bem com a família e amigos;
- Ficar ansioso ao pensar que precisará se desfazer dos itens; e
- Ter dificuldade para enxergar os possíveis perigos da acumulação, como riscos de incêndio e surgimento de pragas (baratas, ratos, etc).
O afastamento social e a negação, combinados à ansiedade, complicam o tratamento do transtorno de acumulação. O acumulador tem dificuldade para aceitar ajuda e acreditar que é possível levar uma vida livre dos objetos que lhe trazem conforto.
Os primeiros sintomas costumam aparecer na adolescência, segundo dados do DSM-V. À medida que o indivíduo envelhece, eles podem piorar e começar a causar problemas no seu modo de vida perto dos 30 anos de idade.
Causas do transtorno de acumulação compulsiva
As causas dessa condição são variadas e podem ter relação tanto com outras condições de saúde mental, como depressão e transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), quanto com questões emocionais.
Pessoas com baixa autoestima e insatisfeitas com as suas vidas podem começar a acumular objetos na tentativa de sentir algum tipo de bem-estar. Elas projetam a sua felicidade nas coisas que guardam em casa, embora às vezes reconheçam que elas afetem a sua vida negativamente.
Do mesmo modo, acumular objetos pode ser uma maneira ineficiente do acumulador de responder ao estresse. Por exemplo, alguns itens podem se tornar uma fonte de conforto após a morte de um ente querido ou enquanto passa por um período estressante no trabalho.
Levar um estilo de vida solitário, ter passado por múltiplas experiências negativas ao longo da vida ou durante a infância, ter tido contato com parentes acumuladores e ter crescido em um ambiente desorganizado e caótico são fatores que também contribuem para o desenvolvimento da acumulação compulsiva.
Além disso, algumas pessoas se apegam excessivamente aos seus objetos por medo de precisarem deles no futuro. Pensam “posso precisar disso um dia” ou “isso vai ser útil durante X situação”, mas, no fim, acabam se esquecendo deles.
Como as causas são diversas e estão ligadas a questões emocionais, o tratamento para o transtorno de acumulação compulsiva tende a ser longo e doloroso.O apoio de familiares e pessoas queridas é fundamental para o seu sucesso, como veremos abaixo.
Tratamentos para o transtorno de acumulação compulsiva
O tratamento para essa condição consiste no desenvolvimento de maneiras eficientes de lidar com estresse e sentimentos negativos, na mudança dos hábitos acumuladores e na organização e limpeza do ambiente dominado por entulhos. Sendo assim, é um processo longo que desencadeia emoções intensas.
Veja abaixo as opções de tratamento.
1. Psicoterapia
A abordagem recomendada para o tratamento da acumulação compulsiva é a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC). Ela promove mudanças na maneira em que as pessoas pensam, o que consequentemente modifica o seu comportamento.
Os pacientes são encorajados a refletir sobre quais pensamentos eles costumam alimentar sobre si mesmos, as pessoas e o mundo. Por exemplo, são levados a pensar se eles possuem caráter pessimista ou otimista e o porquê disso.
A reflexão sobre como esses pensamentos afetam as suas emoções e comportamentos é igualmente encorajada. Uma mentalidade pessimista pode causar desânimo e tristeza, os quais resultam na falta de vontade de fazer as coisas. O que se pode fazer para ter pensamentos mais alegres?
No caso do transtorno de acumulação compulsiva, além de focar nos pensamentos e sentimentos, a TCC também ajuda o paciente a reorganizar a sua vida. Muitas sessões podem ser voltadas para o descarte de objetos específicos e para a organização da casa.
Além disso, a psicoterapia trabalha o processo de tomada de decisão e as respostas ao estresse, ajudando o paciente acumulador a resistir a vontade de guardar itens e a fazer escolhas mais saudáveis para melhorar a sua vida.
É preciso ressaltar que o psicólogo não vai jogar nada fora, mas, sim, guiar o paciente a fazer isso ele mesmo e encorajá-lo a desafiar crenças que o mantém preso à acumulação excessiva. Assim, no fim do tratamento, o acumulador pode não ter se desfeito de todos os seus objetos, mas terá ganhado um entendimento melhor de si mesmo e do seu problema.
2. Apoio familiar ou de pessoas próximas
Por precisarem enfrentar algo que não desejam (descartar os objetos acumulados), as pessoas acumuladoras podem apresentar resistência ao tratamento e tentar fugir da terapia, bem como ter recaídas. Então, uma rede de apoio sólida é necessária para que elas consigam se manter fortes e superar os seus medos.
Tanto a pessoa em tratamento quanto os familiares precisam ter paciência enquanto novos hábitos e mecanismos para gerenciar emoções são formados. Da mesma forma, a paciência é apreciada durante o processo de descarte dos objetos acumulados e da organização e limpeza dos ambientes onde eles se encontravam.
No casos mais graves, eles podem cobrir cômodos inteiros, deixando pouco espaço para se movimentar pela casa. Consequentemente, deixar os ambientes habitáveis outra vez pode levar vários dias ou semanas.
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Autor: psicologa Amanda Mendes Martins da Costa - CRP 06/155761Formação: A psicóloga Amanda Mendes atua em seus atendimentos com base na TCC - Terapia Cognitivo Comportamental e na Psicanálise, com flexibilidade na utilização de métodos cognitivos comportamentais, atendendo adultos e terapia de casal em questões de ansiedade, relacionamentos, questões profissionais...
Só conhecedor de pessoas da própria família com esta patologia de acumulo compossivo e muito forte, não vemos como ajudar !