Ouça ou leia. Espero que você goste desse artigo Conheça os psicólogos que atendem em São Paulo e os psicólogos online por videochamada. Autor: Amanda Mendes Martins da Costa - Psicólogo CRP 06/155761
A sensação de não pertencimento é mais comum do que se imagina.
Centenas de pessoas possuem um sentimento de desconexão com a vida que as conduzem a uma busca interminável por significado.
O que há para fazer na vida além de satisfazer as necessidades básicas?
Onde me sentirei como parte do grupo e não um mero espectador?
Que grupo de pessoas me aceitaria como eu sou? São vários os questionamentos que rondam a mente de quem passa por esse dilema.
Os seres humanos precisam, no geral, de algo além do que conversas pontuais com quem eles compartilham parte do seu dia, como vizinhos, familiares e colegas de trabalho.
É preciso haver um sentimento mais profundo de conexão para que eles se sintam satisfeitos. Em outras palavras, precisam se sentir parte de algo que gera significado para os seus dias.
O que é a sensação de não pertencimento?
A sensação de não pertencimento pode surgir a partir da falta de conexão com o meio.
Por exemplo, indivíduos que não se sentem pertencentes à sua família por terem personalidades e crenças muito diferentes.
Assim, esse sentimento também pode ser em relação à sua comunidade, grupo de amigos, país e, em alguns casos, ao mundo de uma forma geral.
Por terem dificuldade de encontrar alguém com opiniões semelhantes ou que, pelo menos, respeite as opiniões dele, esses indivíduos começam a se afastar de um meio social específico para encontrar um mais receptivo.
Até certo ponto, é normal ter esse sentimento. Adolescentes, por exemplo, costumam sentir isso mais intensidade por estarem em uma fase de busca por identidade, descoberta de preferências e maior contato com o mundo ao seu redor.
Também é comum ter esse sentimento quando se passa por um período de adversidade.
Pessoas insatisfeitas com seu trabalho, relacionamento ou estilo de vida começam a se sentir perdidas, uma vez que as suas vidas deixam de ter sentido.
Se você deixa de ver significado no seu trabalho, como se conectar com os colegas?
Se o seu relacionamento deixou de fazer sentido, como conseguir conviver com o cônjuge ou construir uma vida a dois?
Assim, nessas situações, a sensação de desconexão se alinha a outras emoções – medo, desânimo, tristeza, frustração, raiva – e a busca por sentido começa.
O que a sensação de não pertencimento provoca?
Quem tem dificuldade para se sentir pertencente pode apresentar os seguintes sintomas:
- Solidão;
- Sentir-se deslocado em todo ou quase todo grupo social;
- Sensação de inadequação, em que a pessoa se sente incapaz e inferior aos demais;
- Desânimo constante;
- Apegar-se demasiadamente às pessoas com quem se identifica por temer perdê-las;
- Estresse;
- Inveja das conquistas dos outros;
- Timidez excessiva;
- Ressentir pessoas que parecem se dar bem em dinâmicas de grupo;
- Postura sempre na defensiva, como se as pessoas quisessem te atacar;
- Sensação de vazio que parece impossível de preencher;
- Depressão;
- Se afastar do meio social por não se achar bom o suficiente;
- Ansiedade; e
- Dificuldade de firmar relacionamentos saudáveis e significativos.
Se você se identificou com algum desses sintomas, a sensação de não pertencimento pode estar te incomodando.
De onde vem a sensação de não pertencimento?
A sensação de não pertencimento pode ter diversas causas. Muitas vezes, é o conjunto de alguns desses fatores que causa o sentimento de desconexão.
Experiências ruins na infância e adolescência
A sensação de não pertencimento pode ter raízes na infância. Ambientes familiares opressores e rígidos, onde o indivíduo não teve a oportunidade de se sentir conectado com os pais e outros parentes, podem criar adultos desconectados.
Algumas das queixas de quem cresceu nesses tipos de lares são:
- Sensação de não ter sido ouvido pelos pais ou adultos;
- Sensação de não ter tido as suas opiniões levadas a sério;
- Sensação de ter tido as suas habilidades, decisões, condutas e opiniões desvalorizadas;
- Sensação de não ter sido aceito como é pela família, mas, sim, ter precisado adotar certas posturas para receber esse reconhecimento;
- Sensação de ter sido ignorado constantemente; e
- Sensação de ter sido humilhado em várias situações de modo ‘sutil’.
Experiências negativas tanto na infância quanto adolescência costumam ser mais marcantes do que as vividas na vida adulta.
Isso porque elas acontecem em fases do desenvolvimento em que o indivíduo não está pronto para processar todas as nuances do ocorrido, além de estar em processo de formação da identidade.
Por essa razão, as pessoas costumam carregar mágoas de acontecimentos ruins nessas fases da vida, como bullying, humilhação ou negligência parental, por muito tempo.
Quando elas não são tratadas, se tornam motivo de sofrimento por toda a vida.
Experiências na vida adulta
Experiências da vida adulta também podem causar sensação de desconexão e incerteza sobre o futuro.
Elas não precisam ser necessariamente negativas.
As mudanças, por exemplo, são motivos de ansiedade comuns nesse período da vida, como se mudar para um novo lugar, começar um emprego novo e terminar ou começar um relacionamento.
Já em relação às experiências negativas da vida adulta estão o assédio moral no ambiente de trabalho ou em outros lugares, relacionamentos abusivos, competitividade no mercado profissional, situações de violência, entre outros.
Dificuldades culturais ou de identidade
Questão relacionadas à identidade também podem ocasionar esse sentimento, como, por exemplo, dúvidas em relação à própria sexualidade; estigmas e preconceitos com a orientação sexual, raça, gênero, classe social ou crença religiosa; discriminação de terceiros por conta de uma condição de saúde mental; falta de autoaceitação e amor-próprio; entre outros.
Condições de saúde mental
Conviver com os sintomas de uma condição de saúde mental pode ser uma experiência solitária.
São poucas as pessoas que conseguem entender o que é essa vivência e como a patologia interfere em todos os aspectos da vida.
Algumas condições, como o Transtorno de Personalidade Borderline, estimulam sentimentos constantes de insatisfação com a vida e de incompreensão pelos demais.
Pessoas com esse transtorno normalmente vivem uma busca perene por significado.
Atualmente, se percebe uma aceitação do compartilhamento de experiências, sobretudo, de pessoas ansiosas, depressivas, com Síndrome de Burnout, com Transtorno do Espectro Autista (TEA), com Transtorno de Deficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), entre outros.
Essas interações são muito positivas, pois as pessoas passam a se compreender e a compreender umas às outras com maior facilidade.
Dessa forma, constroem pequenas comunidades com base nas suas vivências similares.
Como tratar a sensação de não pertencimento?
Para curar a sensação de não pertencimento, você pode:
Valorize-se como você é
Todas as pessoas são diferentes. As competências emocionais e práticas, bem como os traços de personalidade, são únicos.
A existência de defeitos e qualidades está igualmente presente em todas as pessoas. Ou seja, assim como todo mundo, você tem defeitos e qualidades.
Para afastar a solidão e a sensação de rejeição, valorize todas as particularidades do seu ser.
Se outras pessoas não apreciam certos aspectos seus, ensine você mesmo a apreciá-los.
A autoaceitação combate a sensação de rejeição, uma vez que você deixa de precisar da validação dos outros para ser feliz.
Envolva-se com pessoas e atividades do seu interesse
Procure pessoas com gostos, crenças e personalidades similares aos seus. Muitas vezes, o desânimo impede que as pessoas iniciem essa busca.
Antes mesmo de começar, elas desistem por medo de não encontrar o que desejam.
É normal desenvolver a mentalidade de “ninguém é capaz de me entender” quando se sente rejeitado e incompreendido por muito tempo.
Se esse é o seu caso, não desista. Você pode encontrar pessoas afins na internet, em aplicativos, em lugares físicos da sua cidade, entre outros.
Para aumentar as suas chances, procure atividades do seu interesse, como cursos e atividades físicas.
Faça terapia para curar a origem desse sentimento
A terapia é a principal ferramenta para tratar a origem do sofrimento emocional e psicológico.
Durante as sessões com o psicólogo, pacientes conseguem explorar o seu “eu” interior e as suas lembranças para encontrar a origem dos problemas da sua vida.
Esse conhecimento é essencial para promover mudanças significativas, alterando comportamentos e pensamentos negativos por positivos.
A terapia pode te ajudar a entender o porquê de você nunca se sentir pertencente, compreendido ou aceito.
Assim, você consegue tomar decisões certeiras para acabar com esse sentimento.
Para chegar nesse ponto, múltiplas consultas de terapia podem ser necessárias.
Então, não tem como determinar um número de sessões exato para tratar esse sentimento desagradável.
Algumas pessoas respondem mais rapidamente à terapia, enquanto outras levam mais tempo para assimilar ensinamentos e fazer mudanças.
Há, ainda, quem goste de fazer terapia por bastante tempo para aprofundar o seu autoconhecimento.
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Autor: psicologa Amanda Mendes Martins da Costa - CRP 06/155761Formação: A psicóloga Amanda Mendes atua em seus atendimentos com base na TCC - Terapia Cognitivo Comportamental e na Psicanálise, com flexibilidade na utilização de métodos cognitivos comportamentais, atendendo adultos e terapia de casal em questões de ansiedade, relacionamentos, questões profissionais...