Ouça ou leia. Espero que você goste desse artigo Conheça os psicólogos que atendem em São Paulo e os psicólogos online por videochamada. Autor: Rosana Tamyres Ferreira - Psicólogo CRP 06/139956
Muito se fala em dismorfia corporal na atualidade, mas o tema se tornou um foco constante em discussões sobre autoestima, padrões de beleza e aparência física, principalmente entre as mulheres, que tendem a sofrer mais pressão para terem o corpo perfeito.
Identificada em 1891 pelo psiquiatra italiano Enrico Morselli, essa condição é caracterizada pela aversão a defeitos na aparência e afeta cerca de 2% da população geral. Os defeitos podem ser quaisquer características consideradas desagradáveis, ainda que imperceptíveis para outras pessoas.
Os defeitos são vistos como se fossem deformidades e associados diretamente a felicidade e ao bem-estar. Deste modo, para se sentirem bem consigo mesmos, esses indivíduos sentem que precisam eliminar esses defeitos.
O que é dismorfia corporal?
A dismorfia corporal, cujo nome técnico é Transtorno Dismórfico Corporal (TDC), é uma condição que afeta a percepção da aparência física. A pessoa encontra defeitos em seu corpo e não consegue parar de pensar neles, então fica sentindo-se mal quando vê o seu reflexo no espelho ou aquela parte do corpo específica.
A supervalorização dos defeitos danifica a autoestima e a autoimagem, despertando raiva, frustração, vergonha e tristeza nas pessoas com TDC. Para fugir dessas emoções, elas se dedicam a um cuidado extremo com a aparência.
Procedimentos estéticos podem ser feitos em abundância e de maneira consecutiva, bem como tratamentos para pele, cabelo e dentes. O elevado número de cirurgias plásticas pode começar a prejudicar a saúde e causar arrependimento no futuro.
Muitas vezes, pessoas com compulsão por cirurgias plásticas não se dão conta do que estão fazendo consigo mesmas e as decisões são tomadas no calor do momento e, quando elas se dão conta, já fizeram modificações que não podem ser revertidas.
A aquisição constante de roupas também pode ocorrer para que a pessoa com TDC consiga ‘esconder’ a parte do corpo considerada feia. Em último caso, ela pode escolher evitar certos ambientes públicos para não mostrar os seus defeitos.
Os sintomas da dismorfia corporal podem ser confundidos com os de outras condições de saúde mental, como os de distúrbios alimentares, e até com traços de personalidade, como vaidade e perfeccionismo. Dessa maneira, a identificação do transtorno costuma ser feita tardiamente.
Sintomas da dismorfia corporal
Preocupações com a aparência, como o peso, a condição da pele e formato dos membros, são consideradas comuns quando são ocasionais.
Todo mundo pode se sentir desconfortável com o seu corpo de vez em quando, principalmente quem tem suscetibilidade a ceder a pressões externas, como cobranças de cônjuges e familiares. O culto a certos padrões de beleza, como a magreza, ainda é muito presente em nossa sociedade.
Quando a preocupação se torna excessiva e começa a consumir outras áreas da vida, é preciso prestar atenção no que você está sentindo e fazendo para responder ao estresse causado por esse sentimento.
Os sintomas da dismorfia corporal incluem:
- Preocupação excessiva com defeitos na aparência que os outros não percebem ou que são pequenos;
- Acreditar ser feio ou deformado por conta de determinado defeito;
- Sentir insegurança ao sair de casa por acreditar que todos percebem os defeitos que você vê;
- Ter a sensação de estar sendo alvo de deboches e brincadeiras em razão da aparência;
- Tentar esconder os defeitos do corpo com roupas, maquiagem e procedimentos estéticos;
- Pedir a validação dos outros sobre a sua aparência com frequência;
- Ser demasiadamente perfeccionista com a própria aparência; e
- Não ficar satisfeito com os resultados de procedimentos estéticos, buscando a próxima solução para eliminar os defeitos logo em seguida.
Outras condições de saúde mental podem existir simultaneamente a dismorfia corporal e, consequentemente, intensificar os seus sintomas, como a depressão, a ansiedade, os distúrbios alimentares e o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC).
O que causa dismorfia corporal?
As causas da dismorfia corporal são múltiplas e envolvem diversos fatores, como genéticos, neuroquímicos e ambientais.
Então, algumas pessoas com TDC apresentam desequilíbrios na produção de serotonina, neurotransmissor conhecido como o hormônio do ‘bem-estar’. Essa característica é comum a muitas condições de saúde mental, como a depressão e o transtorno de ansiedade generalizada.
Estudos também identificaram que quem possui caso de dismorfia corporal na família tem mais probabilidade de desenvolver essa condição.
Em relação aos fatores ambientais, eles tendem a causar um impacto maior na infância e na adolescência, quando os indivíduos não conseguem compreender a complexidade das situações. Sendo assim, ocasiões como divórcio, negligência parental, mudança de cidade, abusos, bullying na escola e morte na família podem influenciar o surgimento do TDC.
Por mais que alguns acontecimentos não sejam negativos, crianças e adolescentes podem ter dificuldade para lidar com o estresse oriundo deles e desenvolver mecanismos de defesa inapropriados para tentarem se proteger.
Também foi identificado que pessoas inseguras, ansiosas e com baixa autoestima possuem uma tendência maior a desgostar da própria aparência. Por isso, podem desenvolver essa condição mais facilmente.
O termo dismorfia corporal é bastante utilizado entre pessoas transsexuais para justificar a aversão às características femininas ou masculinas do corpo. Entretanto, segundo o DSM-V, a condição relacionada à identificação forte e persistente com o gênero oposto chama-se disforia de gênero.
Quais são os tratamentos para a disformia corporal?
Existe tratamento para o transtorno disfórico corporal. Por isso, as pessoas excessivamente descontentes com o próprio corpo podem procurar um psicólogo para fazer uma avaliação psicológica e, se necessário, dar início ao tratamento.
Os critérios para o diagnóstico do TDC envolvem preocupação extrema e contínua com defeitos do corpo, sejam grandes ou pequenos; pensamentos negativos que interferem na autoimagem e na capacidade de levar uma vida normal; e descarte da existência de outros distúrbios psíquicos.
Lembrando que o diagnóstico só pode ser feito mediante consulta com um psicólogo. É importante procurá-lo assim que os primeiros sintomas forem notados para prevenir que o incômodo emocional se transforme em um problema grave. Além disso, o tratamento costuma ser mais eficaz quando a condição está nos estágios iniciais.
Terapia Cognitivo-Comportamental
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é a abordagem psicoterapêutica mais indicada para o tratamento do TDC. Esse tipo de psicoterapia pode ajudá-lo a reverter padrões de pensamento e crenças nocivas à saúde mental e autoestima.
Então, ao longo das consultas, os pacientes aprendem a identificar gatilhos emocionais para as emoções que desencadeiam pensamentos e comportamentos negativos, como fazer múltiplas cirurgias plásticas ou praticar exercícios físicos excessivamente.
Deste modo, eles são levados a refletir se essas atitudes realmente estão ajudando ou apenas agravando o problema. Se elas não agregam à sua felicidade, então por que deveriam continuar reproduzindo-as?
Do mesmo modo, pacientes desenvolvem maneiras saudáveis de lidar com esses gatilhos. Em vez de se menosprezarem por não terem o corpo ideal, por exemplo, eles são incentivados a ter pensamentos de gratidão e de autoaceitação.
É costumeiro definir objetivos para o tratamento logo no início das sessões. Por isso, a cada encontro, psicólogo e paciente trabalham em conjunto para se aproximaram deles. Não há um prazo específico para isso.
Como cada pessoa tem as suas próprias questões e reage de maneira única aos acontecimentos da vida, por isso, a duração do tratamento depende da disponibilidade, personalidade e determinação de cada um.
Dicas para aproveitar a terapia
Conversar sobre o desgosto pela aparência pode ser um tanto complicado. Além de ser um assunto emocionalmente carregado, muitas pessoas têm dificuldade para expressar como se sentem. Pensando nisso, separamos algumas dicas para ajudá-lo a aproveitar a terapia e já iniciá-la com um direcionamento.
- Determine um objetivo para a terapia antes de começar;
- Escreva perguntas a serem respondidas pelo psicólogo sobre dismorfia corporal
- Pergunte como essa condição afeta o seu comportamento, modo de pensar, autoestima e estado emocional no dia a dia;
- Faça um planejamento pessoal para conseguir cumprir as metas definidas na terapia;
- Peça para alguém lhe acompanhar se a presença de um ente querido o deixar mais confortável; e
- Compartilhe com o psicólogo as suas dificuldades em relação às técnicas da terapia. Por exemplo, se você não está conseguindo aproveitar o tratamento, não hesite em compartilhar o porquê para que mudanças possam ser feitas.
Convivendo com a dismorfia corporal
Viver com dismorfia corporal não é nada fácil pois, a vergonha, a preocupação e a raiva por não ter o corpo ideal interferem no comportamento das pessoas com TDC, dificultando o aproveitando o dia a dia.
Por isso, além do tratamento psicoterapêutico, você pode praticar atividades físicas com o objetivo de se divertir e ter saúde, manter um diário para digerir pensamentos negativos com facilidade e desenvolver uma rotina saudável.
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Autor: psicologa Rosana Tamyres Ferreira - CRP 06/139956Formação: A psicóloga Rosana Tamyres Ferreira é pós-graduada pelo Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa. Sua experiência em liderança, gestão de projetos e gestão de pessoas têm sido de grande importância em seus atendimentos na área clínica...