Como o TOC afeta a produtividade e o que fazer

O TOC afeta a produtividade, e ela é altamente almejada por profissionais e requisitada por empregadores na atualidade. Ser tão produtivo quanto se deseja, no entanto, é um problema para milhares de pessoa

. Como acabar com as distrações e conseguir produzir na quantidade e no tempo certos sem desencadear estresse e ansiedade?

Responder a essa pergunta é ainda mais desafiador para quem precisa conviver com o Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC).

Embora muitos pensem que indivíduos com TOC são naturalmente organizados, a cotidiano com a condição revela outra realidade.

O que é TOC?

As obsessões e compulsões são as principais características do Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC). As obsessões são compostas por pensamentos, impulsos ou imagens de cenários negativos que invadem a mente com frequência.

Já as compulsões são comportamentos repetitivos ou atos mentais (como contar ou rezar mentalmente) que agem como respostas às obsessões. Eles devem ser executados em um determinado número de vezes para o indivíduo conseguir aliviar a tensão crescente das obsessões.

Tanto as obsessões quanto as compulsões tomam tempo significativo do dia, resultando em prejuízos na vida profissional, acadêmica, social e nas demais áreas importantes da vida da pessoa diagnosticada com TOC.

Outra característica dessa condição são as crenças disfuncionais.

Elas incluem a tendência a superestimar ameaças reais, perfeccionismo, frustração diante de acontecimentos corriqueiros, senso de responsabilidade por situações que a pessoa não pode controlar, e atribuição de exagerada importância aos pensamentos. Por exemplo, acreditar que ter um pensamento negativo é tão ruim quanto executá-lo.

Os primeiros sintomas dessa condição costumam aparecer no início da vida adulta, por volta dos 20 anos. Todavia, há registros de diversos casos de diagnóstico no início da adolescência e casos raros na infância, segundo o DSM-V.

Como o TOC afeta a produtividade?

As pessoas costumam imaginar alguém ordenado, metódico e com mania de limpeza quando são levadas a pensar no TOC. Esse estereótipo, no entanto, não retrata a realidade de quem precisa conviver com os sintomas dessa condição de saúde mental.

A pessoa com TOC pode ter dificuldade para ser produtiva, o que afeta o seu desempenho profissional ou acadêmico. Quando precisa balancear ambos, a situação pode ser ainda mais complicada. Sem o devido tratamento, ela pode sucumbir a pressão e ao estresse de precisar sustentar dois compromissos desgastantes ao mesmo tempo.

Entre as maneiras que o TOC afeta a produtividade estão:

Distração com pensamentos obsessivos

Pensamentos obsessivos são, como visto, ideias e imagens intrusivas que invadem a mente da pessoa com TOC contra a sua vontade. Por exemplo, ela pode estar indo para o trabalha quando, de súbito, surge o pensamento de que a sua mãe se machucará gravemente ou de que algo ruim acontecerá durante o expediente.

Diferentemente de pensamentos comuns, os pensamentos obsessivos são dominadores. Mudar o foco para outra coisa é difícil. Dizer a pessoa com TOC para ‘não pensar sobre isso’ ou que ‘isso é coisa da sua cabeça’ não ajuda a combater a ansiedade, o medo e o estresse provocado pelos pensamentos.

Os pensamentos obsessivos podem ser sobre qualquer coisa e quase sempre possuem caráter negativo. Alguns exemplos são acidentes de trânsito, situações de violência, contração de uma doença grave, eventos do passado, dúvidas sobre os relacionamentos, infestação de germes, crenças religiosas, automutilação, entre outros.

A pessoa com TOC compreende que esses pensamentos afetam a sua capacidade de chegar ao trabalho no horário e de concluir atividades no prazo estipulado, por isso, fica frustrada consigo mesma. A frustração leva ao estresse, que, por sua vez, agrava os sintomas da condição.

Distração com comportamentos compulsivos

Os comportamentos compulsivos são a resposta aos pensamentos obsessivos e costumam tomar muito tempo da pessoa com TOC.

Retomando o exemplo anterior, para evitar que a sua mãe se machuque ou até morra ou para cessar a constância de pensamentos obsessivos, ela precisa fazer alguns rituais, como contar até determinado número, contar objetos no trajeto para o trabalho (árvores, carros, postes de luz), mexer os pés ou as mãos de modo ordenado, entre outros.

Caso tente ignorar os pensamentos obsessivos, eles podem ficar mais frequentes e grotescos, despertando ainda mais ansiedade.

No ambiente de trabalho, os comportamentos compulsivos são agentes da procrastinação. A pessoa com TOC tem dificuldade para executar as suas tarefas diárias, pois precisa concluir os rituais primeiro. Ela pode, por exemplo, passar longos minutos lavando as mãos repetidamente ou tentando controlar essa vontade.

A compulsão também pode estar relacionada a um aspecto do próprio trabalho. Sabendo que pode ser demitida caso não tenha um bom desempenho, a pessoa com TOC pode checar o seu trabalho repetidas vezes sem necessidade, impedindo a si mesma de avançar.

Dicas para ser produtivo

A obsessão e a compulsão podem ser extenuantes. Pensar demasiadamente sobre coisas negativas e, por conseguinte, reproduzir comportamentos compulsivos para aliviar a tensão e a ansiedade provocados pelos pensamentos deixa a pessoa com TOC exausta.

A falta de compreensão e empatia das pessoas pode dificultar a administração dos sintomas. Muitos já ouviram falar sobre o transtorno obsessivo-compulsivo, mas poucos sabem como ele afeta quem tem esse diagnóstico. Então, acreditam ser possível ‘cessar’ obsessões e compulsões ao transferir a atenção para outra coisa.

As respostas negativas de terceiros, bem como os próprios devaneios negativos, podem levar a pessoa com TOC a duvidar de si mesma.

A dúvida é um sentimento muito presente nessa condição. Indivíduos se questionam se estão seguros, se não vão acabar machucando as pessoas que amam, se são realmente amados por elas, se não são pessoas más por terem pensamentos ruins, entre outros. Esses questionamentos são a causa de mais ansiedade, estresse e preocupação no cotidiano.

Para superar esses obstáculos e aumentar a produtividade no dia a dia, as pessoas com TOC podem:

1.     Fazer terapia

Se você vive estressado ou suspeita que tem transtorno obsessivo-compulsivo, não hesite em procurar ajuda psicológica. A psicoterapia é capaz de reduzir a ansiedade, o medo, a dúvida e os impactos negativos dos sintomas dessa condição.

A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é uma abordagem eficaz para o tratamento do TOC. O foco principal é substituir padrões de comportamento e pensamento negativos por positivos, trazendo mais qualidade e alegria para a vida diária.

A terapia de exposição é uma técnica da TCC que pode ser útil para pacientes com TOC. Trata-se da exposição aos gatilhos das obsessões e compulsões, feito em um ambiente controlado e supervisionado pelo psicólogo. Ao se expor à fonte da ansiedade, o paciente gradativamente consegue encontrar maneiras saudáveis de lidar com ela.

2.     Aprender a controlar o estresse

Aprender a responder bem ao estresse provocado pelos sintomas do TOC é essencial para elevar a produtividade e o bem-estar emocional no cotidiano. Para isso, você pode:

• Meditar;
• Fazer um intervalo;
• Viajar durante o fim de semana;
• Praticar exercícios físicos;
• Seguir uma dieta balanceada;
• Tirar uma soneca durante o dia;
• Praticar exercícios de respiração profunda;
• Desabafar com amigos ou um psicólogo sobre seus problemas;
• Dedicar tempo para um hobby; e
• Praticar relaxamento muscular progressivo.

3.     Buscar motivações positivas

Quem tem TOC normalmente se força a viver com base em motivações negativas. Você faz as coisas por medo do julgamento, das obsessões e das dúvidas nutridas acerca da sua própria capacidade.

Quando não se sabe da existência de uma condição de saúde mental, é normal pensar que você é um caso perdido. Muitas pessoas se sentem aliviadas quando enfim recebem o diagnóstico, pois finalmente podem entender o seu jeito de ser.

Você, na verdade, tem uma condição que afeta os seus comportamentos, pensamentos e sentimentos e pode tomar atitudes para minimizar os sintomas.

Então, você não é um caso perdido. Busque os recursos psicológicos e emocionais necessários para que você consiga administrar os sintomas do transtorno obsessivo-compulsivo e modifique as suas motivações. Tente encontrar boas razões para trabalhar, estudar, se relacionar ou até sair da cama de manhã.

4.     Ter autocompaixão

Seja paciente e compassivo consigo mesmo. Tratar qualquer condição de saúde mental é um processo vagaroso que requer determinação e autocompaixão.

Primeiramente, aceite que você tem TOC e precisa de ajuda para gerenciá-lo. Muitas pessoas tentam lutar contra a realidade por vergonha, raiva e medo de se sentirem inferiores. Mas essa postura só traz sofrimento, visto que os sintomas não são tratados e podem se acentuar com o passar do tempo.

Em seguida, tenha paciência consigo mesmo. Dê o melhor de si em tudo o que faz e seja compreensível quando não obter o resultado esperado, ou quando precisar tirar um tempo para você antes de voltar ao trabalho. 

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