Ouça ou leia. Espero que você goste desse artigo Conheça os psicólogos que atendem em São Paulo e os psicólogos online por videochamada. Autor: Amanda Mendes Martins da Costa - Psicólogo CRP 06/155761
Transtornos de personalidade em adolescentes não é tão simples de identificar. A adolescência é uma fase de descobertas. É um momento de ter novas experiências de vida e questionamentos acerca da identidade.
Assim, é também um período de agitação emocional durante o qual o adolescente aprende a lidar com as suas emoções, sentimentos e desejos.
Por ser uma fase turbulenta, ela é propícia para a instalação de condições de saúde mental. Transtornos de personalidade atingem cerca de 10% da população, segundo dados do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais.
Embora o diagnóstico seja mais comum em adultos, os sintomas também podem ser percebidos na adolescência.
O que são transtornos de personalidade?
Transtornos de personalidade são, segundo o DSM V, padrões comportamentais pouco saudáveis e persistentes de agir, pensar, sentir e perceber a realidade.
Ao contrário dos traços de personalidade e padrões comportamentais não patológicos, por exemplo, eles causam sofrimento emocional e psicológico que prejudicam o funcionamento diário.
Assim, os relacionamentos amorosos e de amizade, a vida profissional ou acadêmica e o relacionamento do indivíduo com a família sofrem danos recorrentes por conta desses padrões de comportamento.
Então, é difícil para quem tem o diagnóstico de algum transtorno de personalidade encontrar um equilíbrio saudável entre as múltiplas áreas da sua vida.
Pessoas que convivem com o indivíduo diagnosticado com transtorno de personalidade também podem sofrer com os sintomas da condição.
Como não conseguem compreender a sua conduta, elas interpretam as suas atitudes como mal-intencionadas.
Assim, é preciso haver um trabalho de educação para que os familiares compreendam como o indivíduo pensa e age.
O que significa ter um transtorno de personalidade?
Quem tem transtorno de personalidade apresenta comportamentos considerados atípicos, nocivos à saúde mental e física, ou até vergonhosos de acordo com as normas sociais.
A intensidade dos sintomas varia consideravelmente.
Assim, não é possível afirmar que todas as pessoas com transtorno de personalidade são iguais.
Algumas conseguem ter uma vida funcional e viver bem ao adotar hábitos positivos, enquanto outras precisam se esforçar mais para ser capaz de funcionar no dia a dia.
Normalmente, o esforço envolve tratamento psicológico, acompanhamento psiquiátrico e/ou hábitos saudáveis, como prática de exercícios físicos e alimentação balanceada.
Os quatro pilares dos transtornos de personalidade são:
- Pensamento e percepção distorcidas de si mesmo, das pessoas e da realidade;
- Repostas emocionais problemáticas aos acontecimentos;
- Impulsividade; e
- Dificuldade em gerenciar relacionamentos e interações sociais.
Esses fatores podem ser encontrados em maior ou menor grau nas condições classificadas como transtornos de personalidade pelo DSM V.
Adolescentes podem ter transtornos de personalidade?
Os transtornos de personalidade geralmente surgem no fim da adolescência e no início da vida adulta, mas também podem se desenvolver mais cedo.
Quando o transtorno de personalidade se desenvolve durante a adolescência, ele pode prejudicar o senso de identidade, a regulação emocional e a autoestima do adolescente, fatores que ainda estão em construção.
Identificar sintomas dessa condição em adolescentes tende a ser desafiador, uma vez que essa fase da vida é marcada por mudanças constantes de personalidade, visão de mundo e preferências pessoais.
Além disso, o adolescente apresenta uma variedade considerável de comportamentos e emoções durante os seus anos de crescimento.
Familiares podem confundir os sintomas do transtorno com comportamentos típicos da adolescência.
Por essa razão, é fundamental que um profissional experiente seja procurado para que os pais e o adolescente recebam um diagnóstico correto.
Quais são os transtornos de personalidade mais comuns em adolescentes?
Alguns transtornos de personalidade são mais comuns na adolescência do que em outras fases da vida. Confira quais são abaixo:
- Transtorno de Personalidade Borderline: o transtorno de personalidade borderline é caracterizado pelo apego emocional excessivo e o medo irracional do abandono. Mesmo que não haja sinais de insatisfação nos relacionamentos, a pessoa com borderline teme ser rejeitada e abandonada. Por isso, pode tomar decisões drásticas, como manipulação emocional e chantagens, para manter o outro sempre próximo dela.
- Transtorno de Personalidade Narcisista: o narcisista tem um irracional senso de grandeza, como se fosse a pessoa mais importante do mundo e só merecesse o melhor. Ele tenta se colocar em situações em que é o centro das atenções e fazer amizade com pessoas consideradas importantes na sociedade. Além disso, diminui aqueles que vê como inferior ou não merecedores de coisas boas.
- Transtorno de Personalidade Histriônica: nesta condição, a pessoa também possui necessidade de chamar atenção, mas por outra razão. Ela tenta fazer isso através da sedução, procurando iniciar relacionamentos com vários parceiros, mas nunca nada significativo. Ela gosta do jogo da conquista, por isso, não costuma ter relações sólidas.
- Transtorno de Personalidade Antissocial: caracterizado pela falta de empatia, impulsividade e desregulação emocional, indivíduos com essa condição não conseguem sentir remorso por suas ações. Eles frequentemente manipulam, trapaceiam e chantageiam outros para conseguir o que desejam.
- Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsivo: a preocupação com a ordem, o perfeccionismo e o controle são as principais características dessa condição. Os sintomas são similares ao Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC): o indivíduo alterna entre pensamentos obsessivos e compulsivos. Ele desenvolve padrões de comportamento rígidos para realizar seus rituais e, assim, satisfazer a sua obsessão.
Quando levar o adolescente à terapia?
É normal que adolescentes tenham condutas erráticas, imprevisíveis e desafiadoras.
Elas são uma parte importante do desenvolvimento nesta fase da vida em que os adolescentes procuram definir a sua identidade e encontrar o seu lugar no mundo.
Os pais devem se preocupar quando o comportamento nocivo persiste por vários meses ou até anos.
Por exemplo, o adolescente passa muito tempo isolado, possui acessos de raiva ou de tristeza com muita frequência, não consegue afastar o desânimo ou tem relacionamentos instáveis, sejam de amizade ou amorosos.
Nesses casos, os pais podem, primeiramente, abordar os filhos com o diálogo na tentativa de identificar o que está os incomodando.
Assim, é importante que o adolescente se sinta acolhido e compreendido.
Caso contrário, ele pode se sentir julgado e não ficar confortável o suficiente para ser honesto com os pais.
Em seguida, podem sugerir uma visita ao psicólogo ou psiquiatra.
O diagnóstico dos transtornos de personalidade é feito mediante avaliação do comportamento do paciente e análise dos critérios definidos pelo DSM V.
Esse procedimento é feito pelo médico psiquiatra ou pelo psicólogo. Após o diagnóstico, é possível determinar um curso de tratamento.
Não existe uma causa específica para os transtornos de personalidade, mas alguns fatores considerados de risco, principalmente para o diagnóstico em adolescentes, são: ambiente familiar abusivo, alterações químicas no cérebro e histórico familiar de condições de saúde mental.
Existe tratamento para transtorno de personalidade?
O tratamento para os transtornos de personalidade é feito na terapia. Uma abordagem psicológica considerada eficaz para tratar esse tipo de condição é a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC).
A TCC atua na mudança de comportamentos e pensamentos nocivos, os quais interferem negativamente na vida dos pacientes.
Para adolescentes, é considerada uma abordagem de fácil compreensão, uma vez que são estabelecidas metas claras e pontuais.
Dessa forma, pacientes são capazes de desenvolver estratégias simples, porém eficientes para lidar com os sintomas do transtorno de personalidade.
Todas as áreas da vida do paciente são tratadas na terapia, como vida profissional, relacionamentos, autoestima, preocupações, entre outros.
Alguns medicamentos psiquiátricos podem ajudar a conter os sintomas depressivos e ansiosos presentes nessas condições.
O médico psiquiatra é o responsável por prescrever fármacos para pacientes com transtornos de personalidade.
Não há, no entanto, um medicamento ou uma cura para essas condições.
É recomendado que o paciente permaneça em tratamento psicoterapêutico até conseguir administrar os seus comportamentos e emoções, além de manter um modo de vida saudável.
É comum o paciente precisar de terapia por muitos anos, ou receber alta e retornar à terapia em momentos de necessidade.
Qual é o papel dos pais na terapia para adolescentes?
Os pais costumam participar do tratamento dos filhos adolescentes. A participação da família é importante para o sucesso da terapia.
A dinâmica familiar influencia o comportamento, emoções, pensamentos e todos os aspectos da personalidade do adolescente.
Logo, é importante que todos os membros estejam alinhados para ajudar o adolescente a superar as suas dificuldades e conseguir estabelecer bons hábitos.
Entretanto, não é recomendado sufocar o adolescente com perguntas e cobranças.
Em vez disso, pais podem oferecer apoio emocional, manter um diálogo aberto e honesto e estar disponível para ouvir sem fazer julgamentos.
Em caso de dúvidas, a família sempre pode questionar o psicólogo acerca do progresso do tratamento psicoterapêutico e do diagnóstico do adolescente.
Caso os pais se sintam sobrecarregados emocionalmente nesta situação, também podem fazer terapia.
Em caso de tratamentos longos, contudo, é recomendado procurar um profissional diferente do filho.
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Autor: psicologa Amanda Mendes Martins da Costa - CRP 06/155761Formação: A psicóloga Amanda Mendes atua em seus atendimentos com base na TCC - Terapia Cognitivo Comportamental e na Psicanálise, com flexibilidade na utilização de métodos cognitivos comportamentais, atendendo adultos e terapia de casal em questões de ansiedade, relacionamentos, questões profissionais...